terça-feira, agosto 04, 2009

OLAVO PIRES: UMA PÁGINA VIRADA NA HISTÓRIA DE RONDÔNIA

UMA CIDADE VELHA SERIA PALCO DE UM FILME NUMA REDE DE INTRIGAS, TRAIÇÕES, RASTEIRAS, INIMIZADES, MEGALOMANIA E ACERTO DE CONTAS ENTRE QUADRILHAHS DE NARCOTRÁFICO INTERNACIONALÁFICO INTERNACIONAL. TUDO UMA ENGENHOSA MONTAGEM EPIGRAMÁTICA CHEIA DE SAÍDAS, REORDENAMENTO DE POSIÇÕES. NEM A IGREJA ESCAPA DA TEIA POLÍTICA E UM FINAL SURPREENDENTE E FELIZ...

O retrato de uma cidade velha...
Um político de mente brilhante, acreano, usa “serragem” como maquiagem...
Uma pobre menina rica é exemplo de vida...
Um religioso cria um padre num mosteiro...
Um rapaz é furtado no primeiro mandato. Renuncia ao segundo. Senta-se numa mesa cheia de ouro...
O Substituto, que figura como adversário é uma moça injustiçada...Transforma-se em importante aliado...
Um delinqüente faz uma saída de emergência: é “morto em via pública”, vítima de um passado tenebroso e um rastro de estupefaciente irresponsabilidades, tapas em adversários, e um exercito de inimigos, entre os quais os correligionários...
Um médico irresponsável e que não exerce a profissão chega ao poder com auxílio de um “campeão” de obras públicas...
A polícia se perde. O crime prescreve sem. Inocentes são chantageados, alvo de achaques, calúnias, leviandades...
LIMITES DA MENTE HUMANA

Escrevo usando a primeira pessoa. Fora do estilo comum das petições; representações; recursos. A síntese não exige uso dessa técnica. Neste texto há uma distância entre justos e injustos, perfeitos e imperfeitos. Não existem criminosos. Ao contrário, vítimas de circunstâncias pretéritas. Uma solução seria possível se a mente humana, capaz de criar o Leviatã (de Thomas Hobbes) fosse também capaz de repetir milagres descritos na Bíblia. Exemplos: ressurreições Lázaro e a filha de Jairo. Cura de leprosos. Multiplicação de pães e peixes. Utopia do renascimento ou juventude eterna. O céu na terra. A convergência do certo e errado num só. Um ponto de encontro de retas paralelas. O inferno mera ficção num dos círculos de Dante. O purgatório, uma prisão vazia. O fim da dúvida entre o ser ou não ser. A morte em vida, em simetria, “pro rata” ao merecimento dos simples mortais.
UMA CIDADE VELHA
Depois de dez anos em Manaus-AM, levado ao Acre, numa fuga desesperada retornei a Porto Velho-RO, em 1974.
Na chegada, ao desembarcar na antiga Rodoviária, na Avenida Sete de Setembro, entre Salgado Filho e João Goulart, fui preso pela Polícia Federal. Tinha apenas dez anos. Naquela época A PF estava instalada onde hoje funciona o Juizado da Infância e da Adolescência, em frente a Praça das Três Marias, no bairro Caiari. O diretor era o Dr. Carbone.
Após 24 horas, fui entregue a minha mãe. O responsável pelo pedido de prisão foi meu pai, um irresponsável na juventude, extremo arruaceiro, ex-campeão de luta livre, uma espécie de bandoleiro dentro da lei, muitas vezes preso, mas solto na esteira da amizade entre o meu avô, Luís Martins de Oliveira, e o general Oscar Passos, subscritor da carteira de filiação do meu avô ao PTB, em 1958. Ao contrário do meu avô, meu pai sempre teve “paixão” pela esquerda, o comunismo ou socialismo científico. Mas isso são outros quinhentos. Eu também simpatizo com políticos de esquerda, centro, direita, “camaleões”, enfim, com todas as espécies cabíveis se construíssem nos dias atuais outra Arca de Noé.
Sempre fico irritado quando não consigo dormir. Acordado, tenho uma espécie de mente voadora. Quase sempre estou no mundo da “maiêutica”. No mundo da lua. Seria igual ao poema do Imperador Adriano: “Animula vagula blandula...”...Uma pequena alma terna flutuante. Poeira ao vento, guiada por mãos invisíveis, vozes do além, proteção de mortos, muitos dos quais me consideravam a síntese de Teilhard de Chardin. Eu não sou nada disso. Tenho mais defeitos que qualidades. Há uma face oculta da violência. A moça e o monstro. O que muitos latinos classificariam de “angie” ou “diablero”...
Em 1974, Porto Velho era pequena. Tinha poucos bairros. O Alto do Bode (triângulo), Baixada da União, Caiari, Arigolândia, Pedrinhas, Areal, Quilômetro Um eram os mais antigos e populosos.
Tinha dois aeroportos: um, o atual Jorge Teixeira de Oliveira (nome dado por projeto do saudoso deputado Sérgio Carvalho, esposo de Cláudia Carvalho, uma vice-prefeita massacrada, colocado no ostracismo por esse irresponsável prefeito Sobrinho. Aliás, sou obrigado a reconhecer que desenvolveu algumas ações meritórias, mas a retórica, a propaganda é sempre maior que a realidade quotidiana. Em tudo é inferior ao governador Ivo Calçou. Este tem apenas uma face, um único rosto, diz verdades abertas. Não tem preocupação de usar o verniz de polidez e cultura para “alfinetar” adversários, nem para tentar formação delituosa de currais eleitorais. Também não praticou fraudes na prestação de contas à Justiça Eleitoral. Foi arrolado porque bandidos queria extorquir dinheiro. Vou retornar ao tema...
O transporte coletivo eram seis Kombis, de propriedade de um antigo morador do bairro Caiari. Se não estou a ser traído pela memória, o Sr. Santos.
O prefeito daquela época era Luís Gonzaga Farias. O presidente da Câmara Municipal (ainda na ladeira Comendador Centeno) era Luís Lessa Lima. Gonzaga Foi quem determinou a construção do Mercado Central ou Mercado Modelo, reformado durante o governo do prefeito Francisco Erse, o Chiquilito, e agora submetido a nova reforma por ordem de Sobrinho, que parece não ter preocupação em fazer a construtora cumprir o prazo de 180 dias ou seis meses, há muito ultrapassados...
Vamos ao passado. A Estrada de Ferro Madeira Mamoré, a “Mad Maria” global, ainda funcionava, precariamente.
Uma pobre menina rica é exemplo de vida...
A cidade tinha três cinemas: O cine Brasil, o Lacerda (de propriedade de um seresteiro) e o cine Reski.
Quase sempre na bilheteria do Reski ou do Brasil ficava uma senhora que vou cognominar “Casta e Doce Hortelã”. Desde a juventude, filha de família rica, dona de prédios, imóveis, panificadora, cinemas, mas de simplicidade incomparável.
Eu era aluno do bispo D. João e do Pe.Zenildo Gomes da Silva, quando escapava da rádio Caiari e ia até o Brasil ou Reski assistir filmes de Karatê, artes marciais e similares. No Cine Brasil trabalhavam Roney, o “índio Savedra” e uma senhora que hoje trabalha na Semusb.
Na bilheteria do Cine Reski ficava a Sra. Reski. Sempre fui um moleque “atrevido” e curioso. Um dia, vendo a senhora de roupas simples, sandálias, sem nenhuma maquiagem, contando moedinhas e, num calor, sem ventilador, sentada num banco de madeira vendendo ingressos, perguntei ao porteiro quem era. Ele respondeu: “É irmã dos donos e dana do cinema”.
Fiquei entre estarrecido e “apaixonado”. Eu era apenas um garoto. Naquele dia, à noite, pensei: “meu Deus, essa senhora seria capaz de ter um reino e manter tamanha simplicidade. Como alguém com tantos imóveis, dinheiro tinha opção por comida simples do Almanara, trabalho diário, tarde e noite, quando poderia pagar funcionários??? E o irmão, na panificadora Reski, na esquina da Sete com José de Alencar, numa mesinha de madeira, sendo também um dos atendentes. Um outro, dono de uma Willys, parecia boêmio. Eu sou muito pequeno. Era simplicidade demais. Naquela época alguns padres gostavam de perfumes. Alguns tinha automóveis modernos. Consumiam bons vinhos. Mas D. João e o Pe. Paulo (foi missionário na África durante mais de 15 anos) costumava usar apenas uma batina.
Há poucos dias, sem saber, adormeci andando. Acordei no Cemitério. Deitei em cima de uma tumba, ao lado da família Reski. Sonhei com a senhora simples, que morreu vítima de um atropelamento, quando eu estava na faculdade.
Quando eu fazia programas na Caiari (anos depois), ela ouvia. Quando eu tinha onze anos, muitas vezes, após vender ingressos e uns cinco minutos após o início de filmes, ela mandava eu entrar. Um dia um porteiro disse: “ela gostou do teu jeito. Não é qualquer um que entra aí sem pagar”. Foi a mais bela flor dessa família tão tradicional nesta cidade. Um exemplo de renúncia a vaidades humanas...
UMA REDE DE INTRIGAS, TRAIÇÕES, RASTEIRAS, INIMIZADES, MEGALOMANIA NA CAMPANHA ELEITORAL DE 1982
Ontem relatei que gravei todas as fitas da propaganda eleitoral do PDS, em 1982. Uma ressalva: gravei como sonoplasta, técnico. O locutor oficial era Luís Raimundo Rivoiro, excelente profissional que se transferiu de Marília-SP para Porto Velho, a serviço da OANA Publicidade. Morto há mais de uma década, até hoje Luís Rivoiro fala na rádio Caiari, todos os dias. Declama o poema “rádio”, no encerramento da programação. Era esposo da professora universitária Oneide Aparecida e do locutor Marcos Vinícius. Tinha duas filhas excepcionais. Morreu quando eu estava em outro estado.
Durante o dia eu gravava fitas para o PDS. À noite, depois da meia-noite, ia de bicicleta até o bairro Areal buscar o locutor Cesário Pereira para gravar escondido fitas para candidatos do PMDB. Eis alguns nomes: Amir Lando, Tomás Correia, Clotter Motta, todos eleitos na primeira Legislatura. Eu também cometi pecados. A rádio estava arrendada para a OANA. Era paga pelo Teixeira. Era proibido gravações para a oposição. Mas eu tinhas as chaves da estação. Era perito em gravações. Tinha um corredor que ligava a rádio ao interior da Catedral. Eu saia pelos fundos. A vigilância em frente a emissora “dançava”. D. João sabia. “Você não tem jeito. É terrível. Vai para um lado, joga do outro, corre para o centro. Já nasceu assim”. Ria. Achava até divertido. Há moleque travesso. Ele, os irmãos maristas Lauro Pazeto e Balduíno José Frantz (diretores da estação) sabiam de coisas que eu tramava. Mas já estavam acostumado.
Padres da época ficavam preocupados com o “mau humor” do coadjutor D. Antônio Sarto. Foi ele quem trouxe o Mobral para Porto Velho. Ensinou centenas, milhares de pessoas a ler e escrever. Era enérgico. Eu sempre tive “lundum”. Um tipo de mau humor que surge do nada. Tem dias que já acordo irritado e sem explicação. Os padres comparavam em código: “Cuidado. O D. Antônio tá uma fera hoje. É um perigo”. O bispo não era nada disse. É educado. De fino trato. Culto. Probo. Honesto. Apresentava o programa: “A Voz do Pastor”, aos sábados. Detalhe: na abertura mandava tocar a “Oração de São Francisco”, interpretada pelo pastor Irala (protestante). Dom João trajava sempre batina preta. D. Antônio, batina branca. Eram opostos em quase tudo. Um, de altíssima patente, se fazia simplório. O outro, não escondia a cultura, não admitia erros. Era a perfeição. Exemplo de disciplina, pontualidade. Tinha uma brincadeira: chegava no estúdio e mandava colocar na abertura o “hino” da Campanha da Fraternidade e depois o Irala. Se o operador seguia, no final ele ia até lá e dava uma bronca: “Foi tudo invertido. Não é assim”. Virava e saia rindo pelos corredores...
EXPEDITO JÚNIOR É FURTADO E FICA SEM O MANDATO
O atual senador Expedito Júnior já foi vítima de um golpe, durante a campanha eleitoral comandada pelo governador Jorge Teixeira. Naquela época, teria ganho uma vaga de deputado federal, mas foi “atropelado” pela influência de um ex-comandante do 5º BEC, o coronel Arnaldo “Martins”. Amargou a suplência? Mas, se não estou enganado, ao lado de outro deputado paraibano, foi um dos mais jovens integrantes da Assembléia Nacional Constituinte, quatro anos depois.
Atualmente, é alvo de um processo de cassação. Foi traído por pessoas próximas e por funcionários.
UMA DENÚNCIA DE COMPRA DE VOTOS
Um exemplo: quando minha tia Lina de Oliveira faleceu (é por isso que passei a usar o codinome “brasilinaoliveira”), durante uma das minhas ausências da residência, quando ela estava acompanhada de um primo marginal, Eliezer e sua amásia, fui morar num pequeno quarto de propriedade de um cidadão identificado pelo prenome Edmundo. Este trabalhava, à noite, na oficina do jornal Alto Madeira.
O filho desse elemento, de nome Anderson, seria funcionário de uma empresa de vigilância de propriedade de um irmão do senador Expedito. Trabalha na escola estadual Jânio Quadros, no bairro Mariana.
Edmundo tinha como “chefe” o elemento identificado pela alcunha de “Pato Preto” ou PP, motorista e depois testa-de-ferro dos irmãos Tourinho, no Alto Madeira.
Faltando 24 horas para as eleições estaduais, proporcionais e majoritárias, eu ia saindo quando a esposa de Anderson me chamou e disse: “Tú não quer fazer “boca-de-urna” para o Expedito?? O meu marido vai fazer e já recebeu duzentos (200,00) ou trezentos (R$ 300,00) na sua conta bancária.
Eu respondi que não e recomendei não fazer esse tipo de comentário porque poderia causar prisões e processo. Avisei que se o MPF e a PF soubessem haveria prisões, inquérito, denúncia e julgamento. Tudo em vão.
Até hoje me pergunto se essa informação foi ou não encomendada por Luís Tourinho ou PP para tentar me forçar a escrever ou denunciar o eventual ilícito no jornal.
Na dúvida, sem provas concretas, palpáveis, tipo cópia do contracheque ou depósito, optei pelo silêncio.
Essa nora de Edmundo ( da oficina “Tourinho”) era outra que não me deixava dormir. Gritava. Batia, Fazia o possível. Motivo: no jornal todos sabiam que quando ficava no limite da irritação ficava cego, saia do “chão”, passava a flutuar e isso pode causar coisas graves. Eu não vou falar. Psicólogos e psiquiatras dizem que o inconsciente humano é “um monstro”. Lê e vê entrelinhas, propaganda com técnica subliminar, etc.
É esse técnica que a excelência Sobrinho vem usando para atingir o governador Ivo Cassol, a Segurança Pública e setores do governo estadual.
Não sei porque comecei a desconfiar da existência de algum acordo entre Sobrinho, um diretor do Hospital de Base e o proprietário de uma autopeças. Acho que também pode ser produto da minha mente doentia, acostumada a fazer associações automáticas ou montagens sobre fatos e acontecimentos.
Diria, se pudesse, que neste momento o senador Expedito Júnior teria uma saída honrosa: a renúncia ao mandato. Tenho quase certeza de que o governador Ivo Cassol seria capaz de colocar esse meu irmão na sombra, protegido, no comando da Secretaria de Finanças. Numa entrevista, que publiquei no Alto Madeira (e pode conferir que está lá), na mesma contendo informações sobre a Dívida Ativa, “Dívida Tombada”, “rombo em estatais, entre as quais a Caerd, Beron e outros, o secretário José Genaro me disse que estaria no cargo não por necessidade. “Nesse cargo deixo de administrar minhas empresas, fazendas, etc”.
Se o Odacir Soares, esse “cara-de-pau” (mas é muito inteligente e meu conterrâneo, ex-prefeito de Porto Velho, em 1971), ficou dezesseis anos no Senado e hoje é Chefe da Casa Civil, por que Expedito não poderia assumir a Sefin? Ficaria perto da lindíssima esposa (Val Ferreira, com todo respeito, é claro e verdadeiro, o Jô cairia na gargalhada).
Por que a Sefin? Segundo Genaro, num governo anterior (de José Bianco) um secretário importado do Acre teria transformado aquela secretaria “num balcão de negociatas”. Algumas empresas deviam milhões de ICMS ao Estado. Não foram poucos os que negociaram, renegociaram, teriam sido “anistiados”, etc.
Acho que entre o sacrifício de ficar num plenário correndo risco de condenação, preocupações, a família numa cidade onde tudo é caro, difícil, tudo é visibilidade, a privacidade quase não existe, no Estado, estaria perto do eleitorado, próximo da base eleitoral, poderia ser o futuro governador, inclusive com apóio do senhor Gurgacz, que ao longo de quase vinte anos vem sendo alvo de achaques, chantagens e outras bandidagens comandadas por pessoas que querem ou exigem dinheiro para campanhas eleitorais.
Detalhe: Expedito não fez e conseguiu aprovar o projeto de lei dos mototáxistas com objetivo de atingir essa ou aquela empresa. A preocupação maior foi assegurar uma forma de trabalho, alguma espécie de renda para centenas de país de família. Essa saída é bem melhor do que a formação de um exército de reserva de mão-de-obra a serviço de narcotraficantes, “bocas-de-fumo”, assaltos, crimes, furtos, latrocínio, assassinatos e crimes conexos...
Ao substituto, Acir Gurgacz, até por gratidão, para finalizar essa litígio na Justiça Federal, não custaria nada deixar ou dividir a base eleitoral do PDT entre prefeituras (minoria) e a maioria com o governador Ivo Cassol.
Estou cansado, mas vou repetir, mais uma vez, que o atual governador deve cumprir todo o mandato, sem nenhuma espécie de interferência, até eleição para o cargo que bem lhe convier no Congresso. O contrário é inaceitável, inadmissível.
O que há de mais ruim na política não é “engolir sapos”, como teria dito Nereu Ramos. É a traição. A tocaia. Descumprimento de acordos. Quebra da confiabilidade. Deslealdade com adversários.
O bom político nunca fecha todas as portas. A melhor técnica é fechar uma porta, mas deixar aberta uma janela. Se tranca a porta da frente, deixa entreaberta uma lateral para diálogo. Sem isso é o mesmo que retornar ao Paloelítico inferior, à era dos tacapes. Isso é não deve fazer parte do mundo civilizado, globalizado...
ANGELO ANGELIM E GERÔNIMO SANTANA
Durante o fragilizado governo do ex-seminarista, filósofo, professor e deputado Ângelo Angelim, o então ex-deputado federal (por três legislaturas consecutivas) Jerônimo Santana (PMDB) venceu, em 1985, o deputado federal Francisco Erse (PFL) e assumiu a prefeitura de Porto Velho. Foi sucessor do último prefeito biônico: o ex-deputado federal-constituinte José Guedes, nomeado prefeito quando foi eleito vereador, com a menor votação, igual ao Angelim.
Jerônimo passou apenas seis meses na prefeitura. Passou o cargo ao promotor de Justiça (licenciado, ex-jornalista do jornal O Guaporé, perseguido por Jorge Teixeira), Tomás Correia.
UM ERRO DE ESTRATÉGIA E UMA DERROTA HISTÓRICA
Na disputa pelo governo, em 1986, Jerônimo venceu a chapa de Odacir Soares e do então presidente da Assembléia Legislativa (o probo) José de Abreu Bianco (PFL).
Nessa campanha houve um acidente: o PMDB montou “sub-legendas” para disputar as duas vagas no Senado Federal.
O então deputado Chiquilito Erse não seguiu conselhos do seu suplente, o ex-delegado da Polícia Federal, João Lucena Leal, nem do geólogo Djalma Lacerda e outros, para também montar uma sub-legenda. “Vou ganhar sozinho”, repetia. Eu falei, também, mas o Chico me considerava um imbecil. Um “inocente últil”, tipo “boi-de-piranha”. Mas, de uma janela lateral, eu via o que ele não conseguiu ver e nem saber...
Chico, que era cunhado do ex-senador e atual deputado Moreira Mendes, enfrentou as nominatas encabeçadas por Olavo Pires, Ronaldo Aragão, Antônio Morimoto, Djair Prieto e cia.
Teve mais de 115 mil votos, mas não se elegeu. Olavo e Ronaldo Aragão conduzidos ao Congresso. Chorava. Gritava. Dava Murros nas paredes. Ameaçava greve de fome dentro do Congresso. Não havia como reverter os resultados. Errou e pagou o preço.
Durante o governo Jorge Teixeira, Chiquilito foi secretário de Administração. Nesse cargo, contratou entre quinze a vinte mil funcionários, antes e depois da criação do Estado. Confiava na popularidade e nesse “capital eleitoral” para vencer o maquinário pesado de Olavo e a medicina de Ronaldo Aragão. Se deu mal.
No governo, Jerônimo deixou uma marca que somente agora, décadas depois, vem sendo superada: o número de obras. Não estava em Rondônia na época, mas, por terceiros, soube que transformou Rondônia num canteiro de obras.
MEGALOMANIA E SUSPEITAS DE ACERTO DE CONTAS ENTRE QUADRILHAHS DE NARCOTRÁFICO INTERNACIONALÁFICO INTERNACIONAL
Durante o governo Jerônimo Santana aconteceu um fenômeno pouco convencional: o PTB cresceu mais do que o PMDB do governador.
Comandado com “mão” de ferro pelo ex-deputado Federal e então senador Olavo Pires, o PTB elegeu quase todos os deputados federais: Raquel Cândido, Nobel Moura, Jabes Rabelo e outros que não consigo lembrar ou faço questão de não mencionar. Não vem e nem estão no contexto.
Olavo queria ser o substituto de Jerônimo. Dono de uma fundação instalada no cruzamento das ruas Amazonas e Nações Unidas, onde também funcionava uma gráfica, dizia que ia mandar no estado durante mais de vinte anos. Ia “quebrar monopólios” (quais???) Nunca houve monopólio de nenhuma empresa em Rondônia. Quem fizer uma pesquisa vai constatar que existiam várias atuando simultaneamente e até a presente data a cinemática é a mesma...
Quem pesquisou os antecedentes de Olavo, descobriu algumas “pérolas”: era estúpido. Tinha fama de mal caráter. Existiam denúncias desde sedução e estupro. Dívidas trabalhistas não quitadas. Agressões verbais e físicas contra funcionários, adversários e inimigos, em Goiás, no Acre, em vários municípios de Rondônia.
Pior, o crescimento desproporcional ao Imposto de Renda gerava comentários sobre envolvimento do senador com cartéis de exportadores de cocaína instalados na Colômbia ou em outro país.
Somava-se deslealdades, traições, ditadura interna no PTB. Exemplo: na convenção de 1990, realizada no clube Botafogo, houve de tudo nos bastidores: gritos, ameaças, agressões verbais.
Já na sede da Vepeza, na Jorge Teixeira, novos confrontos e ameaças porque Olavo queria impor nomes e candidaturas. Na Ata que seria enviada ao TRE, por exemplo, o nome do deputado Antônio Morimoto (era suplente quando Jabes Rabelo foi cassado, após denúncias comandadas por setores do próprio PTB, teriam partido de Raquel Cândido ou outros).
O secretário do PTB, Nagato Kakashira, pegou o livro de Ata e desapareceu. Olavo ficou uma fera. Gritava. Ameaçava. Esbravejava. Estava fora de si.
Superada essa fase, tornou-se candidato oficial e com maior chance de eleição.
O que poucos sabiam é que acumulava dívidas gigantescas de compra de maquinário, aluguéis de imóveis, transações imobiliárias, dívidas trabalhistas. Havia um passivo de rasteiras e traições em Goiás. Caixa-2; suspeitas de sonegação tributária. E até teria até mesmo namorado ou abusado de uma filha do empresário e ex-senador Mário Calixto Filho. Havia uma história pouco esclarecida envolvendo troca de ameaças mortais entre importadores de Guajará-Mirim e de filiais da sua empresas, em vários estados, suspeitas de intermediação ou de tráfico de influência em direcionamento de licitações e, para o cúmulo e espanto do eleitorado, foi divulgada uma denúncias de que duas “Mercedes” teriam sido fotografadas numa garagem do Senado Federal ou do apartamento de Olavo, carregadas de cocaína. Verdade ou não, o trabalho da PF foi dificultado ao extremo, talvez para evitar ou impedir eventual flagrante.
Em Rondônia, Olavo também tinha a dívida da rasteira da sub-legenda prejudicial a Chiquilito. As conseqüências foram evitadas por conselhos do deputado Moreira Mendes. Ele cedeu uma residência na BR 364 para o Chico descançar e esfriar a cabeça. Mendes e Maria Helena bancavam.
Uma tarde, cheio de remorso, Olavo foi buscar Chico para a convenção do PTB. Transformou-o em candidato e ajudou na eleição para o comando da prefeitura de Porto Velho.
A disputa com o atual senador Valdir Raupp ( na época apadrinhado ou “protegido” Jerônimo) e Oswaldo Piana. Este, vai me perdoar, mas é irresponsável. Nunca se interessou em exercer a medicina. Quando primeiro secretário da Assembléia, prestava “tanta atenção” ao que assinava que funcionários aproveitaram e fizeram um “rombo” descoberto muito depois.
Filho de família rica, nos anos 70 a irmã e o cunhado eram donos da Rondasa, a maior revendedora de automóveis de Porto Velho, instalada na Lauro Sodré, Piana estava mais interessado em beber whisky ballantine, Natu Nobilis no bar Bangalô, na Avenida Pinheiro Machado.
Sempre levou “vida mansa”. Independente de ser deputado ou não, de qualquer espécie de disputa, tinha dinheiro para sobreviver confortavelmente.
Segundo fontes, até hoje, Piana, que ganha salário de ex-governador costuma deixar a residência para ir comprar marmitex em feiras, pequenos restaurantes. Não sei como um sujeito desses chegou ao governo. Só pode ter sido falta de sorte de Raupp.
Piana “se empenhou” tanto na campanha eleitoral que ficou fora do segundo turno. Sinceramente, teria sido excesso de desleixo. Consta que em plena campanha passava noites de farras numa casa no bairro Ipase, junto com assessores, um radialista e uma cambada de incompetentes. O trabalho pesado da campanha, que era a publicidade, ficava a cargo da maquiagem do publicitário Toca. Piana tava era “se lixando” para a disputa. Sabia que poderia voltar para Assembléia ou tentar outra candidatura.
Valdir Raupp, por sua vez, é simplório na essência. Foi para o segundo turno com Olavo por um golpe de sorte do destino.
Já no segundo turno, Olavo intensificou críticas e insinuações criminosas contra várias pessoas. Objetivo: crescer nas pesquisas.
Um ano antes, em 1989, eu e o dono do jornal e revista Painel de Rondônia, Geraldo, residente em Ji-Paraná, estivemos em Cacoal. Eu fiz duas entrevistas: uma, com Jabes Rabelo, dentro de um galpão cheio de carrinhos e brinquedos de um parque de diversões.
Me pareceu extremamente simples. Uma espécie de tropeiro. Falava com erros de português, falhas de concordância verbal e nominal, enfim, em nada demonstrava inteligência. Eu acho que a imagem é genuína. Como se explicaria uma cassação por causa de uma credencial dada ao irmão, sem que tenha recorrido ao Supremo, sem que tenha usado os recursos da legislação???
No Brasil, um bom advogado pode fazer até 120 recursos num processo criminal. Se for bom pode emperrar uma instrução e fazer passar os 81 dias e libertar o paciente com HC, Recurso em Sentido Estrito, Carta Testemunhável, Recurso Ordinário, Adesivo e por aí vai. Jabes sequer reagiu.
Dono da verdade, poderoso, Olavo cometeu um pecado mortal: esqueceu antigos inimigos deixados em Goiás, Mato Grosso, Acre e dos que agrediu, caloteou, trapaceou.
Em pleno segundo turno, numa noite, saiu da redação do jornal O Estadão do Norte, dispensou a segurança, comandada pelo coronel Ferro, homem de extrema competência, muito elogiado por Jorge Teixeira, reconhecido até por governadores adversários pelos relevantes serviços prestados à Segurança Pública e a PM.
Em frente a Vepesa, um assassino esperava Olavo. Esperou ele descer da caminhonete. Saiu do carro calmamente e descarregou “em cruz” várias rajadas mortais. Era o fim do mito político. O fim do sonho de comandar o Estado.
Eu estava em Rio Branco-AC, preparava-me para ir a Universidade Federal do Acre-UFAC, quando assisti a chamada do Jornal Nacional noticiando o bárbaro assassinato do senador, que também tinha uma filial da Vepesa, na rodovia AC-40, em Rio Branco.
Depois do assassinato, uma ampla campanha de especulações, calúnias, difamações, injúrias foi iniciada. Uma parte da imprensa tentou a toda custo atribuir o crime ao empresário Assis Gurgacz. A manobra objetivava “arrancar” , extorquir dinheiro do riquíssimo empresário.
Pergunta-se: um homem que trabalho em Rondônia desde os anos 60, que tem empresas de ônibus no Amazonas, Roraima, Acre, Rondônia, Paraná, linhas intermunicipais, interestaduais, que pode lucrar ou ganhar dinheiro dez, vinte, cem, duzentas, trezentas ou seja lá quantas vezes for a mais do que os vencimentos do cargo de governador iria lucrar o que com uma coisa dessas???
Se tivesse empresa apenas em Rondônia, tivesse “enforcado” em dívidas, talvez teria motivos. Ao contrário, com tamanho patrimônio, empresas de ônibus, jornal, emissoras de rádio, canais de TV, faculdade, empresas de construção civil, ações, investimentos, imóveis e Deus sabe mais o que, que pode viver confortavelmente a vida inteira, que fez fortuna trabalhando duro, transportando passageiros numa época em que a BR 364 sequer era asfaltada e que a maioria dos municípios era interligada apenas por ramais, que motivos teria para se envolver com um elemento da espécie de Olavo???
Eu acho que nenhuma. Mário Calixto, de quem também fui funcionário (sou ex-funcionário do jornal Diário da Amazônia, de onde fui demitido e abandonado a própria sorte em Rio Branco-AC), é outro que desde a inauguração do Estadão teve uma única preocupação: tirar o ditador Jorge Teixeira do Palácio.
Em certa edição chegou a receber ameaças veladas depois de publicar uma charge em que Teixeira aparecia “crucificado”, na primeira capa. Motivo: Teixeira não quis atender ao pedido de Chiquilito para assinar ficha de filiação ao recém fundado PFL.
A preocupação de Mário era com dinheiro para modernizar o Estadão. Essa era a prioridade. Não queria já tinha experiência de que promessas “(...)e os ventos do norte não movem moinhos”.
Olavo fez uma saída de emergência e heróica da vida pública. Saiu porque quis. Saiu porque esqueceu que quem deixa uma esteira de inimigos, seja onde for, jamais deve baixar a guarda. Quem tem inimigos não dorme. Sempre anda cheio de escoltas. Eu já vi diversas vezes o empresário Assis Gurgacz, de calça jeans, no balcão de atendimento da Rodoviária de Ji-Paraná. Encontrei-o uma vez na sala do prefeito Nico do PT (substituiu Acir Gurgacz no cargo) e não vi esse cidadão andar com escolta.
Acir, que pode assumir a vaga de Expedito no Senado, chegou a participar de desfiles da banda do Vai Quem Quer, onde a concentração de foliões costuma superar cem mil ou mais. Pergunta-se: se tivesse dívidas ou culpabilidade ficaria em tal exposição???
Só se fosse algum louco igual a mim, que durmo até dentro de cemitérios e tenho proteção e carinho até de quem já morreu.
Quando as forças policiais em Rondônia, só resta uma saída: nenhum policial, seja o mais especializado consegue fazer milagres. E não boa técnica, coisa não boa, tirar conclusões sobre hipóteses. Por duas razões mínimas: uma, para não praticar culposa ou dolosamente eventual indiciamento ou condenação de inocentes.
Outra, por dever de consciência, este Deus particular existente dentro de cada homem, de cada ser humano, o melhor juiz, o melhor sensor moral, o que se confessa com o travesseiro.
Quando quero e estou cansado, durmo em cemitérios, na tumba de uma espécie de tia, que não esqueço e admiro eternamente o exemplo de simplicidade.
Considero este triste espetáculo macabro da política rondoniense e nacional superado. Como diz a Gal Costa, na música “Negro Amor”: (...esqueça os mortos, eles não levantam mais).
Nesta conclusão uma pergunta: um filho de Olavo Pires foi eleito deputado federal. Fez toda uma campanha prometendo “profunda investigação” ou elucidação do crime. Cumpriu todo o mandato no Congresso. Até hoje espero o resultado das investigações. Por que não cumpriu a promessa??? Por que não investigou??? Talvez porque sabe que o saudoso senador tinha dívidas de todas as espécies, formas e matizes e/ou porque preferiu a sombra, a porta lateral, o fim das disputas, das lutas, das ameaças, das dívidas, das ameaças dos cartéis. Enfim, a paz dos cemitérios. A paz eterna. A presença de Deus, o dono da permissão para nascer e da concessão para existir, diária Chico Buarque.
***Obs: o texto foi adaptado para este diária virtual por...***Abelardo Jorge 9957- 6033:।"Nós acreditamos em Deus e seus profetas": We believe in God and his prophets , Creemos en Dios y sus profetas, Noi crediamo in Dio e la sua profeti, Nous croyons en Dieu et en ses prophètes,Wir glauben an Gott und seinen Propheten ,Πιστευουμε στο Θεο και του προφητες, ونحن نؤمن بالله وبلدة الأنبياءابيلاردو خورخي ....Leia mais nos links:http://www.amazoniaviva.zip.net/, http://www.brasiline.zip.net/, http://www.globorondonia.blogspot.com/, http://www.agloborondonia.blogspot.com/





2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

meu amigo ABELARDO VOCE REALMENTE E FENOMENAL . PARABEMS .

7:03 PM  
Anonymous Anônimo said...

ABELARDO E REALMENTE FENOMENAL . EU PERTICULAMENTE POSSO DIZER POIS TRABALHAMOS JUNTOS A FINAL FOI ELE QUE ME LEVOU A SER RADIALISTA .NA RADIO CAIARI DE PORTO VELHO NOS ANOS DE 1986 QUANDO CANDIDATO A DEPUTADO ESTADUAL . VALEU ABELARDO . VOCE E O LUIZ LESSA SÃO MEUS AMIGO PRA SEMPRE . ETERNAMENTE AMIGOS ..

7:09 PM  

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