sexta-feira, setembro 09, 2005

TRABALHO ESCRAVO NA DIVISA DO ACRE, RONDÔNIA E AMAZONAS

O agricultor Célio Alves Muniz(foto), de 24 anos, fugiu de uma fazenda nas proximidades da Vila Extrema, e no começo da noite de quinta-feira passada chegou a Rio Branco, capital do Acre. Ele denunciou no 2º Distrito da Polícia Civil-PC, no bairro do Quinze: -Numa fazenda, localizada na divisa dos Estados do Acre, Amazonas e Rondônia, pistoleiros estão mantendo um grupo de vinte trabalhadores rurais sob regime de escravidão branca: “Os operários não recebem salários; comem mal e sofrem constantes ameaças de morte a toda hora. Lá tem nove guaxeba, nove pistoleiros, todo mundo armado”, disse. Célio disse que fugiu da fazenda à noite, na companhia de um colega de cativeiro: “Caminhamos muito durante a noite até a Vila Extrema. Depois pegamos carona na BR 364. Eu vim para Rio Branco. O meu colega pegou carona em direção a Porto Velho”. Sobre as condições de trabalho, ele repetiu que os operários são vigiados o tempo todo por um grupo de pistoleiros armados com revólveres; pistolas; escopetas; espingardas e outras armas de grosso calibre. “A comida que eles servem é só arroz e feijão. Carne só de vez em quando. Todos dormem num barracão”, contou. Questionado sobre como foi “contratado”, Célio explicou que trabalhava com parentes na abandonada rodovia Transamazônica, nas proximidades do município Apuí, quando recebeu convite de um desconhecido para trabalhar como “diarista” na “Ponta do Abunã”. “Ele prometeu um salário de R$ 25,00 por dia, mas nunca recebemos nenhum tostão e fomos impedidos de ir e vir ou de deixar a fazenda”, denunciou Célio. Até ontem as Secretarias de Segurança Pública do Acre e de Rondônia e a Polícia Federal não haviam anunciado nenhuma providência ou operação para identificar e prender a quadrilha de pistoleiros e os fazendeiros autores dos crimes de escravidão branca na divisa do Acre, Rondônia e Amazonas. www.brasiline.zip.net