quinta-feira, setembro 22, 2005

O adeus do poeta Bahia:"Se o Meu Mundo Não Acabou, Conserte-o"

O escritor, jornalista e ex-Editor-Chefe do jornal Alto Madeira, José Ailton Ferreira, o popular “Bahia”, morreu ontem(21/09/2005), às 15 horas, no Hospital 9 de Julho, em Porto Velho. Bahia sempre foi um incentivador da cultura. Foi um lutador. Um homem sem vícios. Franco. Sincero. Um inconformado com as “mazelas”, desmando, desgovernos pretéritos. Escrevia 16 horas todos os dias. Era vigilante. Nunca se acovardou. Não foi omisso. Jamais se associou a bandidos e achacadores ou aos ladrões de dinheiro público. Não acumulou patrimônio, bens materiais. Vivia modestamente, com o parco salário de funcionário público. Enfrentou a doença e as filas do SUS com a mesma coragem e a consciência do dever cumprido. No dia 02 de novembro do ano passado, anunciou a um colega o título do seu último livro: “Se o Meu Mundo Não Acabou, Conserte-o”. Bahia foi digno até a morte. Está sendo velado na Casa de Cultura Ivan Marrocos. Será enterrado hoje, na capital de Rondônia, cidade que sempre amou e defendeu. Que a terra lhe seja leve...

O PREÇO DA FRUSTRAÇÃO (José Ailton Ferreira, o Bahia)
“Estamos aves vivas
Naves à deriva
Buscando um norte
Ofuscando a sorte
Desafiando a morte...
Imaginando-nos
Detentores da verdade
Delineamos a eternidade
E um sonho a fragmentar-se.
E quando submersos na obscuridade,
Autodefinindo-nos deus dourados....
ESTE É O PREÇO DA FRUSTRARAÇÃO”

História Fragmentada (José Ailton Ferreira, o Bahia)
Vivi oito séculos e meio
O anteontem já não canta
Como os galos da madrugada
Ou os grilos nas estantes
Morri dois segundos e meio
Uma eternidade, convenhamos
E um ataúde-reles-flutuante
Doando-me a ressurreição
Vegetei na simetria da bruma
Entremeando alvoradas e musas
Revertendo o trajeto do que seria
A história de outras manhãs
E questionei o tempo em chamas
Correndo o risco de ser o sol
Ou o gelo à deriva, além do aqui.
Que outra história poderia contar?...www.brasiline.zip.net