quarta-feira, setembro 21, 2005

SUS INCENTIVA CAOS E MORTES DE PACIENTES EM RONDÔNIA

O Sistema Único de Saúde-SUS negou um pedido para aumentar o número de cirurgias oftalmológicas realizadas em pacientes pobres no hospital Santa Marcelina, mantido pela Arquidiocese de Porto Velho”. O hospital católico atende a milhares de pacientes dos 52 municípios de Rondônia; pacientes do Acre; Amazonas; Mato Grosso; e Bolívia. A denúncia foi encaminhada à Constituição de Justiça e Paz da Arquidiocese-CJP e está sendo encaminhada À Comissão de Saúde e Regional Norte da CNBB; aos deputados estaduais; deputados federais; senadores; Procuradoria da República e ao Ministério Público do Estado para início de Ação Civil Pública e a defesa dos interesses difusos e coletivos.

ERRO MÉDICO NO HB
Uma paciente, funcionária da Secretaria de Saúde, denunciou à reportagem do Alto Madeira: “Falta equipamentos para cirurgias oftalmológicas no HB. Por causa de equipamentos velhos um rapaz foi operado em Porto Velho e ficou cego”, disse. A denunciante acrescentou que o médico oftalmologista Dr. Geovani Branco, residente em Ji-Paraná, foi demitido do HB porque sofreu um acidente na B R 364 e faltou um plantão. “Ele foi demitido por perseguição e porque não concordava em trabalhar com equipamentos cirúrgicos velhos”, disse.

AMADO RAHAL
O diretor-geral do Hospital de Base de Porto Velho, médico Amado Rahal, desmentiu as denúncias: “Em seis meses ele (Geovani Branco) fez apenas cinco cirurgias. Não cumpria os plantões e pediu demissão”. Esclareceu. Rahal disse que os equipamentos cirúrgicos são todos novos: “Tanto que estamos fazendo uma média de 110 cirurgias por mês. No dia 17 (de outubro) serão realizadas trinta e cinco cirurgias de catarata”.
SUPERLOTAÇÃO NO “PURGATÓRIO”

Em Rondônia maioria dos pacientes não consegue atendimento médico nos Postos de Saúde das prefeituras e nos hospitais da rede pública conveniada com o SUS. Desde a desativação do Hospital João Paulo II, em janeiro de 2004, ocorre desumana superlotação no HB. Centenas de pacientes são enviados por prefeituras do interior rondoniense. Centenas de esfaqueados, baleados e vítimas de acidentes no Trânsito são internados em enfermarias superlotadas ou no chão dos corredores do improvisado “Pronto Socorro”. Este é uma espécie de dantesco purgatório: Nas enfermarias não existe divisória entre pacientes masculinos e femininos; as instalações elétricas e hidráulicas estão em estado deplorável; banheiros entupidos; a falta de ventilação aumenta os riscos de infecção hospitalar e concentra odores insuportáveis; médicos e enfermeiros trabalham em ambiente degradante. Reiteradas vezes as denúncias foram constatadas do Conselho Regional de Medicina de Rondônia-Cremero e Conselho Regional de Enfermagem-Coren.

ATRASO E SUSPEITAS DE SUPERFATURAMENTO
A CJP suspeita que existe superfaturamento nas obras do João Paulo II. No contrato Nº004/PGE/2005, o valor inicial da reforma geral foi calculado em R$ 619.044,43. No prazo de 180 dias seriam reformados ou ampliados a lavanderia; administração e construídas enfermarias para abrigar duzentos leitos; Unidade de Tratamento Intensivo-UTI com doze leitos e uma capela. Sob alegação de obra emergencial, o Estado não fez licitação pública. Todo o processo foi paralisado por intervenção da Justiça do Trabalho.
As obras foram reavaliadas. O custo inicial agora é R$ 1,7 milhão. O número de leitos foi diminuído de 200 para 120. A UTI terá apenas 10 leitos. O secretário de Estado da Saúde, Milton Moreira, estima gastos superiores a R$ 2 milhões na compra de novos equipamentos. Durante uma vistoria nas obras, O presidente do Cremero, Hiran Gallo denunciou atraso no cronograma das obras. Ele não acredita que o João Paulo II esteja reformado e em funcionamento no dia 31 de dezembro deste ano.
MORREU NA CADEIRA DE RODAS DO PS NO HB
Uma denúncia gravíssima da CJP da Arquidiocese: “Reginaldo Monteiro, de 31 anos, morreu no Centro de Medicina Tropical de Rondônia- Cemetron, no dia 08 de junho, às 16hs 15 minutos. Dois dias antes, numa segunda-feira (06/06/2005) ele havia sido “internado” no Pronto Socorro do HB, onde ficou sentado numa cadeira de rodas aguardando a morte. A direção do HB não tomou nenhuma providência para agilizar o atendimento do paciente”, diz o documento entregue à reportagem. Outra denúncia enquadra o Cemetron. No início deste ano, os laboratórios instalados dentro do hospital foram interditados pela Vigilância Sanitária. Faltam medicamentos; o Corem denuncia irregularidades envolvendo enfermeiras e a UTI e as enfermarias do isolamento estão abaixo dos padrões recomendados pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde-OMS. www.brasiline.zip.net